Nasceu em 1958 na Boa Vista, bairro de classe média no centro do Recife. Quando criança gostava de desenhar personagens de gibi e de fazer bonecos e bichos de barro, diversões caseiras da infância. O ingresso no ensino formal provocou um desinteresse por brincadeiras com o desenho e a argila. Aos dezesseis anos – meados dos anos 1970 – de maneira despretensiosa, em brincadeira com outros adolescentes, amigos vizinhos, experimenta o nanquim. A partir daí nunca mais parou de desenhar. Esta atividade, ora lúdica, se fez cada vez mais presente, séria, e resultou em alguns anos de dedicação autodidata. Aos vinte anos de idade, em 1978, seleciona dezoito desenhos à bico de pena sobre papel para participar de sua primeira exposição, uma coletiva. É nesta época que Valle reúne um grupo de interessados e passam a ter aulas com o artista Francisco Neves – um curso livre, de iniciação às artes, de desenho com nanquim e grafite, monotipia e técnicas diversas. Em 1979 decide-se e passa a atuar exclusivamente enquanto artista – Neste ano irá participar do XXXII Salão Oficial de Arte e Pernambuco, com a obra Comemoração da paz (1979) e VII Salão dos Novos. Seu processo de formação o leva aos ateliês dos artistas Pierre Chalita, ainda em 1979, e Fernando Lúcio, entre 1980 e 1982, onde busca, em ambos, o aperfeiçoamento técnico no desenho e, com o segundo, o contato com uma nova linguagem: a pintura.
Por toda década de 1980 o jovem artista viverá um percurso de legitimação comum aos seus pares: com trabalhos em coletivas, participando dos salões de arte locais e conquistas dos reconhecimentos oficiais – por exemplo, seu primeiro, o Prêmio de Aquisição pelo Museu do Estado de Pernambuco, da obra Decadência (1980), no XXXIII Salão de Artes Plásticas de Pernambuco. Em busca de fundamento teórico, no ano de 1983, na Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj, Campus Recife, o artista participa do curso “Arte, Cultura e Sociedade”, com o Prof. Sebastião Vila Nova. Na segunda metade da década de 80 exibe sua primeira individual, Renato Valle – Pinturas 86 (1986), na Officina, galeria do Recife.